Toyota Prius: híbrido finalmente está com passagem marcada para o Brasil
A Toyota do Brasil aproveitou a divulgação de um projeto de preservação ambiental no litoral do Nordeste para também anunciar a introdução do híbrido (com motores elétrico e a combustão) Prius no mercado nacional. Se a intenção era reforçar o seu posicionamento de empresa sustentável -- ao reunir um projeto de gestão em área de preservação ambiental em Maragogi, Alagoas, à chegada de um carro reconhecido pela economia de combustível e baixa emissão de poluentes (ou seja, ecologicamente correto) --, o objetivo foi alcançado apenas em parte.
A frustração fica por conta da notícia, divulgada pela empresa nesta quarta-feira (5), de que o híbrido, lançado em 1997 e com vendas de 2,3 milhões de unidades em todo o mundo (mais de 1 milhão apenas nos Estados Unidos) só estará disponível aos consumidores brasileiros no segundo semestre de 2012, longos 15 anos após o seu lançamento. Isso depois de começarem a aparecer diversas unidades do Prius rodando por São Paulo -- flagradas por leitores de UOL Carros.
Na apresentação do projeto e do carro, a Toyota se explicou: "A estratégia de mercado que adotamos é a de desenvolver as vendas de veículos híbridos inicialmente no Japão, depois América do Norte e em seguida Europa, conquistando consumidores e credibilidade", disse Shunichi Nakanishi, presidente da Toyota Mercosul. "Há também a exigência do aperfeiçoamento tecnológico do Prius para o Brasil, que tem, por exemplo, a característica única de oferecer o etanol como combustível", completou o executivo.
Isso não quer dizer que o Prius que rodará nas ruas brasileiras aceitará álcool em seu tanque. Segundo Nakanishi, o problema todo é adaptar a engenharia para a mistura de 25% de etanol na gasolina brasileira, sem citar outros itens, como a suspensão.
O fantasma do recente aumento do IPI para a importação de veículos produzidos fora do Mercosul e do México (o Prius é fabricado no Japão, na Tailândia e na China) foi descartado como motivo para as vendas se iniciarem apenas em setembro de 2012.
Para Luiz Carlos Andrade Júnior, vice-presidente da Divisão Comercial da Toyota Mercosul, a medida adotada pelo governo brasileiro é temporária. "Este aumento deve durar até o final de 2012. O projeto não foi prejudicado por isso", afirmou, acrescentando que as autoridades estão abertas a novas tecnologias, principalmente, as relacionadas à preservação ambiental. "Já estamos discutindo com o governo sobre possíveis propostas de incentivo, como a redução, ou até mesmo isenção, de encargos como IPI, ICMS, IPVA, e também dos rodízios municipais de veículos", relatou Andrade.
Negociações à parte, os executivos da Toyota não se arriscam a profetizar por qual valor a única versão que será oferecida do Prius será vendida no Brasil, mas avaliam atingir até 150 unidades comercializadas por mês. "Qualquer palpite será especulação, mas pode-se dizer que o preço ficará entre o do Corolla e o do Camry", disse Andrade. Ou seja, algo entre R$ 85 mil e R$ 127 mil, considerando as versões top dos dois sedãs.
É uma faixa ampla, que inclui valores pouco acessíveis à grande maioria dos consumidores, não negando a pecha de que veículos híbridos e sustentabilidade ainda são um luxo para poucos. Mas será que, algum dia, o Prius poderá ficar mais barato por aqui?
Os executivos da Toyota não afastam a possibilidade de fabricá-lo, num futuro incerto, na nova planta da marca que está sendo construída em Sorocaba (SP), já amplamente divulgada como sede de produção de carros compactos da marca. A título de comparação, nos EUA o Prius é vendido em cinco diferentes configurações, com preço variando entre US$ 21.400 e US$ 27.670.
PRAZER, EU SOU O PRIUS
Antes de definir valores, a Toyota quer mesmo é que o consumidor brasileiro conheça o seu produto. Para isso, trouxe 15 unidades do Prius que serão utilizadas num planejamento de marketing dividido em três fases, e que tem início já em outubro. A primeira é a disseminação da tecnologia híbrida, com páginas específicas sobre o assunto no site oficial da montadora e empréstimo de veículos para imprensa e celebridades.
A segunda fase é estreitar o relacionamento com os consumidores par, avaliar a aceitação do produto e identificar itens específicos que devem ser adaptados para o mercado brasileiro. Por fim, a terceira fase inclui a exposição do Prius nas concessionárias e atividades de test-drive.
O leitor de UOL Carros conhece bem o Prius, pois em janeiro UOL Carros andaram com um dos dois carros importados por uma empresa de logística e transportes de Curitiba (PR). O carro que a Toyota apresentou esta semana em Maragogi é praticamente o mesmo, mas com alguns aprimoramentos: faróis de neblina e LEDs nos faróis dianteiros e traseiros, inclusive na luz de freio; rodas de alumínio aro 15 sobrepostas por uma calota especificamente desenvolvida para diminuir o atrito com o ar e, consequentemente, o consumo de combustível; assentos (com controles manuais), painéis, portas e volante com forração em couro; sete airbags, entre outros itens.
No mais, a lista de equipamentos é extensa, partindo do conforto do ar-condicionado automático e digital com compressor elétrico e saída traseira, e chegando à sofisticação do sistema de regeneração de energia -- ao desacelerar ou frear, o motor elétrico funciona como um gerador, convertendo a energia cinética em energia elétrica, carregando as baterias do carro.
É ao dirigir, porém, que o Prius se apresenta como um carro diferenciado. Parece óbvio, principalmente por se tratar de um veículo com dois motores, um a combustão e outro elétrico -- portanto, diferente dos demais. Pois é justamente por isso que dirigir um Prius se torna uma experiência empolgante.
Desde a partida, que independe de chave e se dá apertando o botão "Power" ao lado do volante, colocando em atividade apenas o motor elétrico, o silêncio é praticamente absoluto. Não é incomum achar que o carro ainda está desligado, se não forem observadas as luzes do painel indicando que ele já está pronto para rodar. Ao pisar no acelerador, a arrancada forte desmonta qualquer teoria de que veículos híbridos não têm ânimo.
O motor elétrico, sustentado por 28 módulos de bateria de níquel (com vida útil estimada pela fabricante em oito anos), alcança até 88 cavalos de potência. O motor a gasolina de ciclo Atkinson (1,8 litro DOHC VVT-i de quatro cilindros e 16 válvulas, totalmente em alumínio) atinge 98 cavalos a 5.200 rpm, com torque máximo de 14,5 kgfm a 4.000 rpm. Combinados, motores elétrico e a combustão atingem a potência de 138 cavalos.
Equipado com uma transmissão continuamente variável (CVT), que simula infinitas relações de marcha, o Prius roda suave e silencioso, mesmo quando o motor a combustão é acionado ou o condutor alterna entre os quatro modos de condução disponíveis.
VÁRIOS MODOS
São eles: Normal, quando o sistema Hybrid Synergy Drive otimiza o uso dos dois motores de forma automática; EV (Electric Vehicle), quando o veículo entra em modo 100% elétrico, para condução em baixas velocidades até 40 km/h; ECO (Economy), utilizado para calibragem da resposta de aceleração, caso o motorista pressione agressivamente o acelerador e, simultaneamente, para otimizar o controle do ar-condicionado visando o mínimo consumo de combustível; e PWR (Power), que modifica a resposta do veículo em aceleração, intensificando a potência para otimizar o desempenho -- ideal para ultrapassagens e retomadas de velocidade.
Segundo Koji Okawa, vice-presidente de Engenharia da Toyota Mercosul, "o objetivo principal da tecnologia híbrida é a redução da dependência de combustíveis fósseis". Números oficiais da marca indicam 21,6km/litro de gasolina em trecho urbano e 20,4 km/l em rodovia -- velocidades médias menores e situações de parada mais frequentes propiciam médias mais elevadas, graças à maior atuação do propulsor elétrico. Assim, a autonomia pode chegar a 1.150 km, mesmo com o reduzido tanque de gasolina, de 45 litros.
No test-drive de 76 quilômetros realizado na região de Maragogi, entre estradinhas acidentadas e cenários urbanos de pequenas cidades, o consumo médio foi de 11,6 km/l, mas chegou até a 17,2 km/l, conforme o painel de instrumentos indicou em sua zona de Informação de Condução, onde um monitor mostra o consumo de combustível e os resultados da recuperação energética em intervalos de um a cinco minutos.
No mesmo painel de instrumentos ainda se pode acessar o Eco-Monitor, que indica as condições de funcionamento do motor elétrico em tempo real e também o fluxo de energia despendido, e o Indicador do Sistema Híbrido, que mostra o uso do acelerador em tempo real e auxilia o motorista em sua forma de condução -- sempre com o objetivo de aumentar a eficiência e reduzir o consumo de combustível.
Parece quase perfeito, não é? E muito ainda se poderia dizer sobre o Prius, tendo como pano de fundo o projeto pioneiro da Fundação Toyota do Brasil na gestão sustentável da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, em operação conjunta com a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
Mas daqui até doze meses, só resta mesmo esperar: que a região que abriga a segunda mais importante barreira de corais do mundo se desenvolva de maneira realmente sustentável, e que as contas bancárias dos brasileiros estejam suficientemente desenvolvidas para se adquirir e sustentar um carro híbrido na garagem.
Viagem a convite da Toyota do Brasil
Fonte vol carros