Avaliação completa do Peugeot 3008
O lançamento do 3008 representou algumas novidades para a Peugeot em todo o mundo. No Brasil, ele chega para ser o representante da marca francesa entre os modelos familiares de médio porte, substituindo o 307 SW, que deixou de ser importado em 2009. Além disso, o crossover é um dos responsáveis por introduzir uma linha de modelos mais ousados e com apelo mais esportivo dentro da Peugeot. Ele ainda vai inaugurar um motor que deve ser utilizado por diversos modelos – o hi-tech 1.6 THP. Fora isso, o 3008 é o primeiro representante do fabricante em um segmento de mercado que aumenta cada vez mais e ganha novos integrantes para a briga, o de crossovers.
A aposta da Peugeot foi rechear seu crossover com equipamentos tecnológicos, seja no compartimento do motor, na transmissão, na plataforma ou no interior. A começar pelo propulsor, o 1.6 THP desenvolvido em parceria com a BMW – o mesmo utilizado na linha Mini –, que gera 156 cv de potência a 6 mil rpm, mas com um ótimo torque de 24,5 kgfm a baixas 1.400 rotações. O “culpado” por gerar tanta força é o turbo de alta pressão, que aumenta a mistura ar/combustível dentro dos cilindros. A transmissão, por sua vez, é uma automática de seis marchas – duas a mais do que as usadas até hoje pela Peugeot no Brasil. Para uma condução mais esportiva, é possível acionar as trocas manuais na própria alavanca.
Já a plataforma é a mesma do 308 europeu – uma evolução da arquitetura do 307. Apesar de ser simples em sua concepção, a Peugeot usou uma solução engenhosa. Introduziu um sistema chamado de Dynamic Rolling Control. A tecnologia regula mecanicamente os amortecedores das rodas traseiras para que a diferença entre as duas seja pequena. Na prática, isso significa mais estabilidade e menos torção de carroceria durante as curvas.
O desenho não chega a ser novidade, mas se diferencia do resto da linha. Os designers da Peugeot mantiveram a identidade visual da marca, mas parecem tê-la ampliado. Na dianteira, a “boca de tubarão” é imensa e chama toda a atenção. Os faróis são espichados, no tipo felino, e escapam pelas laterais até quase o início do grande para-brisa. Na lateral, o perfil é mais de um hatch “altinho” do que de uma minivan ou de um SUV. Na traseira, as grandes lanternas com um formato triangular saltam aos olhos, mas o destaque é para a tampa do porta-malas. A abertura pode ser feita de duas maneiras: levantando apenas a parte superior, no estilo de um hatch, ou rebatendo também a seção inferior, o que cria uma plataforma para facilitar o acesso.
Por exemplo, a Toyota RAV4 na variante 4X2 conta com propulsor maior, de 2.4 litros, mas tem uma lista de equipamentos mais enxuta – não inclui nem computador de bordo. Já o líder Honda CR-V é equipado com motor 2.0 de 150 cv e não conta com bancos de couro, nem ar-condicionado dual zone. Outro rival é o Chevrolet Captiva Ecotec. A fabricante norte-americana retrabalhou o motor 2.4 para render 185 cv, mas falta o ar-condicionado automático de duas zonas.
Instantâneas
# Os números 00 na sigla do 3008 significam o segmento de carros de maior porte do que os tradicionais feitos pela marca.
# O motor 1.6 THP será usado pela Peugeot em uma versão topo de linha do sedã 408, provavelmente com a potência aumentada.
# Na Europa, o mesmo propulsor 1.6 THP é responsável por mover o esportivo RCZ. No caso, ele desenvolve 200 cv de potência.
# No Salão de Paris de 2009, a Peugeot apresentou uma variante híbrida e com tração integral do 3008 chamada de Hybrid4. A sua produção é esperada para 2011.
# O 3008 é vendido no Brasil com três anos de garantia.
Ficha técnica – Peugeot 3008 Griffe 1.6 THP
Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, alimentado por turbina de hélice dupla, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Comando duplo de válvulas no cabeçote com sistema de variação de abertura na admissão e escape. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de seis velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 156 cv a 5.800 rpm.
Torque máximo: 24,5 kgfm a 1.400 rpm.
Diâmetro e curso: 77,0 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.
Suspensão: Dianteira com rodas independentes, pseudo McPherson, com barra estabilizadora, molas helicoidais, e amortecedores hidráulicos pressurizados. Traseira com rodas independentes, barra de dois braços deformável, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos pressurizados.
Freios: A discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. Com ABS e EBD.
Carroceria: Crossover médio em monobloco, de quatro portas e cinco lugares, com 4,36 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,63 m de altura e 2,61 m de entre-eixos. Airbags frontais, laterais e do tipo cortina.
Peso: 1.459 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 432 litros; 1.008 litros com o banco rebatido.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Sochaux, França
Lançamento mundial: 2009.
Lançamento no Brasil: 2010.
Ponto a ponto
Desempenho – O resultado de uma pisada no pedal do acelerador do 3008 é uma sensação de surpresa, tamanho o vigor explicitado pelo motor. Também é dificil de acreditar que sob o capô fica um propulsor de apenas 1.6 litro. Grande parte do ótimo desempenho fica por conta do turbo de alta pressão, que consegue fazer o torque máximo – de ótimos 24,5 kgfm – aparecer logo nas 1.400 rpm. A potência de 156 cv também agrada. Aliado ao 1.6 THP se encontra uma eficiente transmissão automática de seis marchas com opção de trocas manuais. Graças ao bom conjunto, o zero a 100 km/h é feito em 9,5 segundos. A velocidade máxima, segundo a Peugeot, é de 202 km/h. Nota 9.
Estabilidade – Outro ponto onde o 3008 não se parece com um crossover de grandes dimensões. Mesmo com a carroceria alta, o modelo da Peugeot se comporta de maneira exemplar quando encontra um trajeto sinuoso. Mesmo quando o motorista força uma condução mais agressiva, o crossover desempenha um excelente papel e o carro pouco aderna nas curvas. A direção também é precisa. Nas retas, mesmo em altas velocidades, não se percebe maiores flutuações. Nota 9.
Interatividade – A Peugeot recheou o 3008 de equipamentos para mimar o motorista. O mais interessante deles é o head up display. Sobre uma placa de policarbonato, próximo ao para-brisa, são projetadas a velocidade e informações do cruise control. Só falta uma opção que também mostre o conta-giros quando o câmbio for colocado na posição de trocas manuais. O console central parece “virado” para o motorista, o que chega a dar a impressão de se estar num carro esportivo. O rádio é bom, com diversas funções, mas tem o mesmo display de outros modelos mais antigos, como o 307. Nota 8.
Consumo – Ter um motor de apenas 1.6 litro sob o capô ajuda no consumo do crossover. Muito por isso, o Peugeot 3008 Griffe conseguiu a boa média de 10,2 km/l com gasolina em um percurso misto urbano e estrada. Nota 8.
Conforto – A faceta de minivan é a que mais aparece nesse ponto. Isso porque o espaço interno do 3008 é farto para todos os cinco ocupantes. Mesmo quem vai no banco traseiro não têm problemas para posicionar as pernas. Os bancos fazem bem o seu papel e são bastante confortáveis, mas poderiam ter regulagem elétrica, pelo menos para o motorista. O isolamento acústico é outro item que impressiona pela eficiência. Nota 8.
Tecnologia – Como o último número do nome do carro indica, a plataforma do 3008 é a mesma do recente 308 europeu – evolução da arquitetura do 307. Além disso, o modelo vem de série com seis airbags – frontais, laterais e de cortina –, ABS e ESP. O rádio/MP3 com entrada auxiliar e USB com comandos na coluna de direção e com ar-condicionado dual zone. Outro ponto a favor do Peugeot é o moderno motor 1.6 THP, de 156 cv, que foi desenvolvido em parceria com a BMW. Nota 7.
Habitabilidade – A Peugeot soube aproveitar com competência o bom espaço interno de seu crossover. A oferta de porta-objetos não é tão grande, mas a capacidade de armazenamento do que fica sob o apoio do braço é respeitável. Além disso, é refrigerado. As portas também são amplas e ajudam no acesso. O teto solar panorâmico consegue deixar o ambiente mais bonito e iluminado. Na versão testada, os vidros traseiros tinham persianas. Nota 9.
Acabamento – Para um carro de mais de R$ 80 mil, o acabamento do 3008 fica dentro do esperado. O console central é em black piano, com boa sensação ao toque. A parte superior do painel é emborrachada, mas o que mais chama a atenção é a alça que fica no console do lado do passageiro. Além de ser bonita, é revestida com o mesmo couro de qualidade presente nos bancos. Outro item interessante no interior são os botões abaixo das saídas de ar, que foram inspiradas em comandos de aviões. Nota 8.
Design – A Peugeot manteve a sua atual identidade visual no 3008, principalmente na dianteira aonde a imensa grade estilo “boca de tubarão” rouba a cena. O problema é que no crossover, o design não ficou tão harmonioso. É um carro imponente e chama atenção, mas não chega a ser belo. Nota 7.
Custo/Benefício – Mesmo com a boa oferta de equipamentos e tecnologia embarcada no 3008, o crossover da Peugeot custa R$ 87.900. O valor cobrado é inferior a todos os seus concorrentes com tração dianteira, como Honda CR-V, Toyota RAV4, Chevrolet Captiva e Hyundai ix35. Nota 8.
Total – O Peugeot 3008 Griffe somou 81 pontos em 100 possíveis
Impressões ao dirigir – Personalidades distintas
O 3008 marca a chegada da Peugeot em um nicho de mercado em que a marca francesa nunca tinha participado no Brasil. E, para isso, a escolha foi de um modelo com linhas imponentes e marcantes. O design pode não agradar a todos, mas chama a atenção de muita gente nas ruas. Esse desenho também faz parte da tática da Peugeot em juntar a robustez de um utilitário esportivo, com a praticidade de uma minivan.
A tática funciona, pois além do bom porte e da posição de dirigir elevada, a cabine é espaçosa e conta com soluções interessantes, como o porta objetos refrigerado localizado sob o apoio de braço. Os bancos traseiros correm sobre trilhos, o que deixa os ocupantes de trás com ainda mais espaço para as pernas. Mesmo assim, a capacidade do porta-malas não fica prejudicada. Ele pode receber entre 432 e 512 litros de bagagem, já que o compartimento tem altura varíável do piso.
Mas o que mais impressiona é o desempenho. Neste ponto, é fácil fazer a comparação com um esportivo. O motor é excelente. Um 1.6 THP que gera 156 cv de potência e torque de 24,5 kgfm já a 1.400 rpm. É o primeiro carro da Peugeot que usa o propulsor, porém é esperado que ele comece a ser expandido para o resto da linha gradativamente. A força é muito bem distribuída em todas as faixas de giro e é dificil acreditar que sob o capô se encontra um motor de apenas 1.598 cilindradas.
Para acompanhar o 1.6 THP a Peugeot não poderia escalar um câmbio qualquer. A transmissão automática de seis marchas é rápida nas trocas e não hesita na hora de uma pisada mais funda no acelerador. As trocas podem ser feitas manualmente na própria alavanca. O jogo de suspensão também é interessante. Independente na traseira, o conjunto deixa o crossover agarrado no chão. Os trajetos sinuosos são superados com facilidade e muita agilidade e mesmo assim o conforto não é prejudicado.
Por dentro, o acabamento agrada. Há até uma grande difusão de plásticos, principalmente no console central, mas o encaixe e a qualidade fazem jus aos R$ 87,9 mil gastos no carro. Outro ponto interessante é a alça de apoio para o passageiro, revestida com o mesmo couro de qualidade dos bancos. Logo acima dos instrumentos se situa o head up display, pequena tela de policarbonato com informações de velocidade e do cruise control, para que o motorista não precise desviar os olhos da estrada. Solução de esportivo para um carro com porte de SUV e interior de monovolume.
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