FIAT 500 SPORT
COM UM NOVO ARRANJO, ELE MANTÉM A HARMONIA, MAS INSTIGA O CONDUTOR A ACELERAR
No fim da tarde, eu ainda não tinha uma opinião formada sobre o 500. Mas conhecia muito bem seu interior. Reconheci o DNA Fiat no desenho do console e nos botões de acionamento dos vidros, iguais aos usados em modelos nacionais. O padrão de acabamento, porém, é bem superior ao que estamos acostumados a encontrar na marca por aqui. Alguns detalhes deixam muito claro que a personalidade do 500 é inversamente proporcional a seu tamanho. Das telas dos alto-falantes, em forma de ondas, aos instrumentos concêntricos – o computador de bordo é circundado pelo conta-giros e este, pelo velocímetro –, o design do interior se mostra nostálgico e high tech ao mesmo tempo. O painel tem uma faixa da mesma cor da carroceria, como nos modelos de antigamente, nos quais essa parte integrava a carcaça. E a tecnologia se faz presente em equipamentos como o sistema Blue&Me (com conexões para telefone celular e para tocador de MP3, com comando de voz) e os instrumentos digitais já mencionados.
A Fiat oferece ao comprador um cardápio sortido de personalizações visuais. São diversas opções de revestimentos, de rodas esportivas e de cores, além de emblemas e faixas decorativas. Na Itália é possível fazer mais de 500 combinações diferentes. No Brasil, a liberdade será menor. Haverá bem menos opções – a Fiat não fez as contas das combinações possíveis –, mas ainda assim vai dar para brincar bastante, segundo a fábrica.
O 500 é feito na Polônia e chega ao Brasil em duas versões de acabamento, Sport e Lounge, sempre equipadas com motor 1.4 16V de 100 cv e transmissão manual, de seis marchas, ou automatizada Dualogic, de cinco marchas. A diferença entre elas está no acabamento e nos equipamentos. A Lounge é mais luxuosa. Por fora, ela tem frisos e retrovisores cromados e, por dentro, volante revestido de couro com os comandos do câmbio, quando a transmissão é Dualogic. Os equipamentos exclusivos contemplam teto solar fixo e ar-condicionado digital. A Sport é mais simples, mas está longe de ser básica. Entre os itens de série ela traz sete airbags (dois frontais, dois laterais, dois airbags de cortina e um para proteger os joelhos do motorista), ABS, ESP, CD player e rodas de liga leve de aro 15. Bancos de couro e teto solar elétrico Sky Window são opcionais nas duas versões. A mostrada aqui é a Sport manual, que deve ser a mais procurada, segundo a Fiat.
À imagem do original
Só consegui dirigir o 500, de fato, quando anoiteceu. Voltei para a redação e saí depois que o trânsito havia diminuído bastante. A vida a bordo me pareceu agradável. O 500 não é tão espaçoso quanto o Smart longitudinalmente, mas oferece mais espaço lateral e tem duas fileiras de bancos, onde cabem quatro pessoas. Com o banco do motorista ajustado para mim, que tenho 1,72 m de altura, consegui me acomodar atrás com relativo conforto. Minhas pernas se encaixaram bem. Mas o ombro e a cabeça ficaram raspando no contorno interno da carroceria. O porta-malas tem capacidade para 185 litros.
De volta ao banco de frente, achei a posição de dirigir interessante. Mas não é esportiva. O motorista viaja em posição elevada, quase igual à do Mercedes Classe A. A alavanca do câmbio está bem próxima do volante, mas a manopla do câmbio decepciona por ser uma peça de plástico e oca, apesar de cromada. Não precisava ser de alumínio, como nas Ferrari, mas deveria ter uma pegada mais firme. O motor 1.4 16V não empolga – nem faz questão disso. Na pista de testes, o 500 fez de 0 a 100 km/h em 12,2 s, enquanto o Smart, testado na edição de maio, acelerou em 11,6 s. E é bom levar em conta que o câmbio do 500 avaliado é manual e o do Smart era automatizado. Essa diferença de resposta foi sentida também na sessão de fotos, quando o Smart, que serviu de camera-car, disparava na frente e o 500 não conseguia acompanhar as arrancadas do rival.
Ao esbanjar estilo, ele economiza em desempenho. Sua proposta não é a de ser um felino agressivo, tipo de animal que inspira os projetos dos esportivos, mas o de um daqueles filhotes que a gente vê e fica com vontade de levar para casa e pôr na garagem. O preço de 61 900 reais (valor no fechamento da reportagem, em setembro de 2009) me parece um tanto salgado. Mas nesse tipo de compra não se pensa em custo/benefício. A Fiat planeja vender 200 unidades do 500 por mês, oferecendo o modelo em apenas 150 concessionárias consideradas “Premium”, no país. Mas a assistência técnica será feita por toda a rede Fiat.
O Centro Stilo Fiat conseguiu desenhar um modelo à imagem e semelhança do 500 de 1957, mas com visual de carro novo. Os italianos foram mais fiéis que os alemães da VW, na reedição do Fusca, e da BMW, no caso do Mini. Foram conservados os faróis redondos acima das lanternas, o capô curto e arredondado e o logotipo entre frisos. Ele consegue a façanha de, apesar de manter estreita identidade com o 500 original, encher os olhos de quem está a bordo e despertar no motorista a vontade de conduzi-lo esportivamente. Nada mau para quem se origina de um autêntico popular, com motorzinho de 13 cv de potência, que pouca coisa tinha mais que o suficiente para andar no ritmo de um movimento andante.
CARRO DE CINEMA
Do desenho animado Carros até o filme O Último Tango em Paris, para o público adulto, o 500 já estrelou diversas produções em diferentes épocas e lugares do mundo. O carrinho já foi “dirigido” por diretores como Buñuel, Brian De Palma, Alain Resnais, Jim Jarmusch e Bernardo Bertolucci. A “filmografia” completa pode ser vista no sitewww.imcdb.org.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção elétrica tem dois modos de uso, Normal e Sport. O freio é eficiente e a suspensão está adaptada a nossas condições de uso.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
Embora o carro inspire uma condução esportiva, o desempenho é modesto. O câmbio cumpre seu papel.
★★★
CARROCERIA
O Centro Stilo Fiat acertou a mão no design e o pessoal da fábrica da Polônia caprichou no acabamento.
★★★★
VIDA A BORDO
Ele não é para longas viagens, mas, dentro da proposta de carro urbano, cumpre sua missão. É bem equipado, tem boa ergonomia e oferece conforto.
★★★★
SEGURANÇA
Vem com 7 airbags, ABS, EBD, ASR e ESP.
★★★★★
SEU BOLSO
Tem garantia de 2 anos com assistência Confiat e oficinas em toda a rede autorizada Fiat.
★★★
OS RIVAIS
Smart ForTwo
Como o nome diz, tem só dois lugares, mas conta com a versão Cabrio, que custa 64 900 reais.
VW New Beetle
Tem motor 2.0 e custa 55 410 reais. Mas é basicamente o mesmo carro lançado em 1998.
VEREDICTO
O 500 é um legítimo objeto do design italiano. Ele conquista o comprador pelo visual e pelas lembranças que evoca. Como tal, é um carro para ser cultuado, em um passeio de fim de semana. Ou até parado, decorando a garagem.
Motor: diant. / transv. / 4 cil. / 16V / 1 368 cm3
Diâmetro x curso: 72 / 84
Taxa de compressão: 10,8:1
Potência: 100 a 6 000
Torque: 13,4 a 4 250
Câmbio: manual / 5 / dianteira
Tanque: 35 / 455
Suspensão dianteira: independente, McPherson
Suspensão traseira: barra de torção
Freios: disco ventilado (diant.) / disco (tras.)
Direção: elétrica / 2,5 voltas
Pneus: 195/45 R16
Consumo urbano: 10,6
Consumo rodoviário: 13,0
0 a 100 km/h: 12,2
0 a 1000 m: 34,1
Retomada 40 a 80 em 3ª (ou D): 7,9
Retomada 60 a 100 em 4ª (ou D): 12,6
Retomada 80 a 120 em 5ª (ou D): 18,9
Velocidade máxima: 182
Frenagem: 120/80/60 km/h a 0 (m); 56,8 / 25,5 / 13,4
Ruído interno 1ª rpm máx: 43,3 / 76,3
Ruído interno 80 / 120 km/h: 64,5 / 70,5
Diâmetro x curso: 72 / 84
Taxa de compressão: 10,8:1
Potência: 100 a 6 000
Torque: 13,4 a 4 250
Câmbio: manual / 5 / dianteira
Tanque: 35 / 455
Suspensão dianteira: independente, McPherson
Suspensão traseira: barra de torção
Freios: disco ventilado (diant.) / disco (tras.)
Direção: elétrica / 2,5 voltas
Pneus: 195/45 R16
Consumo urbano: 10,6
Consumo rodoviário: 13,0
0 a 100 km/h: 12,2
0 a 1000 m: 34,1
Retomada 40 a 80 em 3ª (ou D): 7,9
Retomada 60 a 100 em 4ª (ou D): 12,6
Retomada 80 a 120 em 5ª (ou D): 18,9
Velocidade máxima: 182
Frenagem: 120/80/60 km/h a 0 (m); 56,8 / 25,5 / 13,4
Ruído interno 1ª rpm máx: 43,3 / 76,3
Ruído interno 80 / 120 km/h: 64,5 / 70,5
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