LEXUS RX 400H
UM MUNDO MELHOR: ECONÔMICO, POUCO POLUENTE E FEROZ: É O LEXUS, O PRIMEIRO HÍBRIDO TESTADO NO BRASIL
No início dos anos 90 profetizava-se um futuro em que o motor a combustão não reinaria mais sozinho. Alternativas coexistiriam até surgir um novo motor limpo e eficiente que não mais incluísse combustíveis fósseis na sua dieta para funcionar. Pelo que se pode ver, estamos no despertar da diversidade tecnológica automobilística (leia mais na seção Via Expressa, pág. 24), que tem os carros híbridos como abre-alas de novos tempos. Equipados com dois tipos de motor, a gasolina e elétrico, eles têm sido recebidos de garagens abertas no mercado mais influente do planeta, o norte-americano. Um exemplar deles acaba de chegar ao país. O Lexus RX 400h, que foi lançado em setembro nos Estados Unidos, desembarcou aqui em outubro, trazido pela importadora independente Forest Trade, de São Paulo. Mal chegou, nós o levamos para a pista de testes.
Depois de duas experiências com veículos elétricos - um protótipo chamado Zic, apresentado pela Fiat italiana em 1996, e uma picape Ford Ranger adaptada nos Estados Unidos, em 1998 -, parti para o Campo de Provas com mais desconfiança que entusiasmo. Sabia que seria o primeiro teste completo com um veículo desse tipo realizado no país. E tinha clara lembrança daqueles outros dois carros que, francamente, não me empolgaram. O Zic era conceitualmente mais interessante que a Ranger, cujas baterias tomavam quase toda a caçamba. Mas os dois tinham o mesmo ímpeto que um carrinho de golfe, com um sopro de torque e baixa autonomia.
Câmbio CVT
O Lexus RX 400h, entretanto, me surpreendeu. Ele concilia as virtudes dos carros elétricos, como economia, silêncio e baixos níveis de emissões, com a dirigibilidade e a autonomia dos veículos convencionais, ecologicamente menos engajados. A proeza se deve ao fato de ter os dois tipos de motor controlados por uma central eletrônica inteligente.
Quando o RX 400h roda em velocidades baixas, situação típica do trânsito urbano, o motor elétrico atua sozinho. Nas velocidades mais altas, atingidas em geral nas estradas, o motor a combustão entra em cena. Nas arrancadas, retomadas, subidas e quando o carro está carregado, todos dão uma força. A transmissão é feita com o auxílio de um jogo de engrenagens planetárias, uma espécie de diferencial, chamado de Power Split Device (do inglês "dispositivo de divisão de força"), que direciona a força dos motores para as rodas. O câmbio é do tipo CVT.
O sistema híbrido, batizado de Hybrid Synergy Drive (algo como mecanismo de sinergia híbrida), foi desenvolvido pela Toyota, que é dona da marca Lexus, e é o mesmo que equipa o sedã Prius. A diferença no caso do RX 400h é que existem dois motores elétricos, um para cada eixo, enquanto o Prius tem apenas um, na dianteira. O motor elétrico dianteiro gera 167 cavalos e o traseiro, 68 cavalos. O motor a gasolina é um V6 de 211 cavalos. Juntos, os três entregam 446 cavalos de potência, força superior à encontrada em modelos convencionais equipados com motores V8. O torque também é maciço: 76,6 mkgf. O BMW X5 4.8i, por exemplo, tem 360 cavalos de potência e 51 mkgf de torque.
Além de tracionar os 2110 quilos do carro, os motores do Lexus têm a função de recarregar as baterias elétricas do sistema. O motor elétrico dianteiro pode se transformar em um gerador, enquanto a tração estiver a cargo do motor a combustão ou mesmo durante as frenagens. Nessa segunda condição, ele recebe a ajuda do motor elétrico traseiro, que se junta a ele para aproveitarem a energia dissipada nas frenagens (função regenerativa). Quando o motor elétrico está enviando sua força para as rodas e se faz necessário recarregar as baterias, o trabalho passa a ser feito só pelo motor a explosão.
Na pista de testes foi possível observar bem o funcionamento de todo o sistema. Nas provas de aceleração os motores enviam força total para as quatro rodas. Como resultado, o utilitário acelera de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos, enquanto o X5 testado em julho de 2003 ficou nos 9,1 segundos. Nesses testes o consumo de energia elétrica é alto, conforme se pôde acompanhar no indicador instalado no painel. O ponteiro bate no limite de sua escala de 200 quilowatts, quando o acelerador é pressionado até o fundo. Mas a recarga é relativamente rápida. Nas retomadas de velocidade, o RX 400h acompanhou o desempenho do X5 V8. De 60 a 100 km/h em Drive, o Lexus precisou de 5 segundos e o BMW de 5,1 segundos.
Depois de duas experiências com veículos elétricos - um protótipo chamado Zic, apresentado pela Fiat italiana em 1996, e uma picape Ford Ranger adaptada nos Estados Unidos, em 1998 -, parti para o Campo de Provas com mais desconfiança que entusiasmo. Sabia que seria o primeiro teste completo com um veículo desse tipo realizado no país. E tinha clara lembrança daqueles outros dois carros que, francamente, não me empolgaram. O Zic era conceitualmente mais interessante que a Ranger, cujas baterias tomavam quase toda a caçamba. Mas os dois tinham o mesmo ímpeto que um carrinho de golfe, com um sopro de torque e baixa autonomia.
Câmbio CVT
O Lexus RX 400h, entretanto, me surpreendeu. Ele concilia as virtudes dos carros elétricos, como economia, silêncio e baixos níveis de emissões, com a dirigibilidade e a autonomia dos veículos convencionais, ecologicamente menos engajados. A proeza se deve ao fato de ter os dois tipos de motor controlados por uma central eletrônica inteligente.
Quando o RX 400h roda em velocidades baixas, situação típica do trânsito urbano, o motor elétrico atua sozinho. Nas velocidades mais altas, atingidas em geral nas estradas, o motor a combustão entra em cena. Nas arrancadas, retomadas, subidas e quando o carro está carregado, todos dão uma força. A transmissão é feita com o auxílio de um jogo de engrenagens planetárias, uma espécie de diferencial, chamado de Power Split Device (do inglês "dispositivo de divisão de força"), que direciona a força dos motores para as rodas. O câmbio é do tipo CVT.
O sistema híbrido, batizado de Hybrid Synergy Drive (algo como mecanismo de sinergia híbrida), foi desenvolvido pela Toyota, que é dona da marca Lexus, e é o mesmo que equipa o sedã Prius. A diferença no caso do RX 400h é que existem dois motores elétricos, um para cada eixo, enquanto o Prius tem apenas um, na dianteira. O motor elétrico dianteiro gera 167 cavalos e o traseiro, 68 cavalos. O motor a gasolina é um V6 de 211 cavalos. Juntos, os três entregam 446 cavalos de potência, força superior à encontrada em modelos convencionais equipados com motores V8. O torque também é maciço: 76,6 mkgf. O BMW X5 4.8i, por exemplo, tem 360 cavalos de potência e 51 mkgf de torque.
Além de tracionar os 2110 quilos do carro, os motores do Lexus têm a função de recarregar as baterias elétricas do sistema. O motor elétrico dianteiro pode se transformar em um gerador, enquanto a tração estiver a cargo do motor a combustão ou mesmo durante as frenagens. Nessa segunda condição, ele recebe a ajuda do motor elétrico traseiro, que se junta a ele para aproveitarem a energia dissipada nas frenagens (função regenerativa). Quando o motor elétrico está enviando sua força para as rodas e se faz necessário recarregar as baterias, o trabalho passa a ser feito só pelo motor a explosão.
Na pista de testes foi possível observar bem o funcionamento de todo o sistema. Nas provas de aceleração os motores enviam força total para as quatro rodas. Como resultado, o utilitário acelera de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos, enquanto o X5 testado em julho de 2003 ficou nos 9,1 segundos. Nesses testes o consumo de energia elétrica é alto, conforme se pôde acompanhar no indicador instalado no painel. O ponteiro bate no limite de sua escala de 200 quilowatts, quando o acelerador é pressionado até o fundo. Mas a recarga é relativamente rápida. Nas retomadas de velocidade, o RX 400h acompanhou o desempenho do X5 V8. De 60 a 100 km/h em Drive, o Lexus precisou de 5 segundos e o BMW de 5,1 segundos.
Posição de comando |
Veja a atuação dos motores de acordo com a marcha engatada: P - Nessa posição (Park), o motor a combustão aciona o elétrico dianteiro, transformando-o em um gerador que alimenta as baterias do carro. R - A tela que monitora o sistema híbrido mostra a imagem captada pela câmera junto à placa traseira e ajuda nas manobras N - Os motores ficam em stand-by. Parecem desligados. Se as baterias estiverem descarregadas, uma mensagem sugere engatar a posição P. D - Em Drive, o sistema gerencia o trabalho dos motores de acordo com a necessidade de força. B - Essa posição, que não existe em modelos convencionais, aciona o motor a combustão quando sua atuação se faz necessária, como freio-motor. |
Desligado
A maior vantagem do modelo híbrido surge quando se comparam os números de consumo. Nas simulações de uso na estrada, com o V6 em ação, ele conseguiu a média de 10,6 km/l, enquanto o rival equipado com um V8 ficou em 7,8 km/l, à época do teste. Surpreendente foi o ciclo urbano. Como o ensaio reproduz o trânsito de uma cidade, com acelerações, desacelerações e pequenas paradas em semáforos, o rendimento do híbrido foi bem melhor. Isso porque ele rodava quase todo o tempo com o motor elétrico, que, nas desacelerações, reaproveitava parte da energia gasta nas acelerações. Quando parado, parecia estar desligado. A média de consumo nesse trecho foi melhor que a obtida na estrada. O RX 400h fez 12,3 km/l de gasolina.
A divisão de tarefas entre os motores se mostra eficiente também para a redução do nível de ruído interno. Em rotação máxima, com os três motores em ação, o ruído de 68,8 dB(A) foi elevado. Mas, quando apenas um dos motores funcionava, o barulho se reduzia bastante. Só com o motor a combustão, a 120 km/h, o nível sonoro era de 64,5 dB(A). E em ponto-morto, com o motor elétrico em repouso, nosso decibelímetro, cuja escala começa em 34 dB(A), não chegou a detectar ruído.
Como que para confirmar a regra de que nada é perfeito, a queixa que um proprietário mal-humorado de um Lexus RX 400h pode ter é na hora da partida. Ao ligar o híbrido, o motorista precisa pisar no pedal de freio, girar a chave no contato e aguardar até que a palavra "ready" (pronto) se apague, quando então o motor começa a trabalhar, ritual que leva 10 segundos.
O Lexus RX 400h apresenta conforto de sedã de luxo. Ele é um daqueles carros nos quais o motorista precisa ficar atento ao velocímetro para evitar multas. De tão suave, seu rodar mascara a velocidade. Durante o teste, por várias vezes entrei nas curvas pensando estar em velocidades inferiores às que eu realmente desenvolvia. E tive de refazer uma das medições de consumo urbano por estar acima da velocidade padrão do teste.
A versão testada é completa, com bancos de couro e madeira no acabamento, e equipada com teto solar, airbags para os joelhos, sistema de som da marca Mark Levinson, DVD, câmera de visão traseira, cruise-control adaptativo e sistema bluetooth de comunicação. Com essa configuração seu preço é de 130000 dólares.
Da pista, o Lexus RX 400h seguiu para um laboratório onde seria submetido a ensaios de emissões, para ser homologado no Brasil. Nos Estados Unidos, ele faz parte da seleta categoria dos Sulev (Super Ultra Low Emissions Vehicle). Depois desse teste, o RX 400h seria entregue ao dono, porque já está vendido. Segundo o importador, ele ficou pouco tempo na loja e outras unidades já estão a caminho do Brasil.
É verdade que o nirvana do motor limpo e eficiente ainda está um tanto distante. Mas que o Lexus híbrido afasta de vez a idéia de que carros ecologicamente corretos devem ser sem graça, ninguém deve duvidar. Palavra de um convertido.
Um por todos, todos por um |
Nos cidade, quem trabalha mais é o motor elétrico, uma vez que a velocidade é mais baixa e a potência usada é menor. Nas estradas, a situação se inverte e o motor V6 entra em ação. As emissões aumentam, mas, longe das cidades, a dispersão dos poluentes é maior. Em uma ultrapassagem, seja onde for, todos os motores entram em ação, por questão de segurança. Além de reger a atuação dos motores, a central eletrônica também controla a transmissão da força para as rodas. Na maior parte do tempo o Lexus roda com tração 4x2, com força no eixo dianteiro. Isso porque o motor V6 e um dos motores elétricos (o mais potente) está ligado a esse eixo. Quando o motor traseiro é acionado, o RX 400 se transforma em um 4x4. No Lexus não existe a opção de marcha reduzida. |
RX 400h |
US$ 130000 A versão avaliada é a completa e traz DVD, câmera de visão traseira e sistema bluetooth de comunicação, entre outras comodidades |
SUSPENSÃO |
muito bom - O bom trabalho da suspensão compensa as rodas aro 18 e os pneus de perfil baixo e não compromete o conforto ao rodar. |
AO VOLANTE |
muito bom - A união faz o torque e o Lexus acelera de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos. No trânsito, o silêncio é tamanho que ele parece estar desligado. |
CARROCERIA |
muito bom - Espaço, acabamento e equipamentos de sedã de luxo na cabine. Por fora, visual discreto mas atual. |
POWERTRAIN |
excelente - A combinação dos motores elétricos e a combustão proporciona o desempenho de um leão com o apetite de um angorá. |
MERCADO |
bom - Os híbridos estão em alta nos Estados Unidos. Por aqui, ainda devem permanecer como raridades, devido ao preço. |
Ficha técnica
Bolso | ||||||||||||||||||||||||
A garantia é dada pelo importador, que tem três lojas em São Paulo e convênio com oficinas especializadas em veículos importados; Os motores elétrico são alimentados por um módulo de bateria de 288 V
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Conforto | ||||||||||||||||||||||||
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Segurança | ||||||||||||||||||||||||
Mesmo com ABS, a S10 transmite insegurança durante as frenagens, por balançar demais
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Desempenho | ||||||||||||||||||||||||
Na hora de andar na estrada, o Lexus conta com a força do motor V6. Para rodar na cidade, entram em ação os motores elétricos, econômicos e silenciosos
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Ficha técnica | ||||||||||||||||||||||||
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Dimensões | ||||||||||||||||||||||||
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condições do teste | ||||||||||||||||||||||||
Temperatura: 26ºC Pressão atmosférica: 708 mmHg Altitude: 660 m Umidade relativa: 40% | ||||||||||||||||||||||||
Notas finais | ||||||||||||||||||||||||
Suspensão muito bom Ao volante muito bom Carroceria muito bom Powertrain excelente Mercado bom TOTAL muito bom | ||||||||||||||||||||||||
veredicto | ||||||||||||||||||||||||
O RX400h reúne o melhor dos dois mundos. Dirigir um modelo que é ecologicamente amigável e ainda oferece todo luxo e conforto, sem abrir mão da dirigibilidade, é uma experiência gratificante. No segmento de luxo, o fato de ser avançado tecnologicamente, cheio de equipamentos e exclusivo no mercado também lhe garante a simpatia de muitos. Não é a toa que o Prius, o sedã que deu origem à série híbrida da Toyota, faz sucesso com as celebridades da Califórnia, nos Estados Unidos. | ||||||||||||||||||||||||
Os rivais | ||||||||||||||||||||||||
Toyota Highlander A loja Forest Trade prevê importar esse outro utilitário esportivo híbrido, que nada mais é do que a versão do Lexus RX 400h com a marca ToyotaBMW X5 3.0i 24V Sport Cerca de 15000 dólares mais caro, o X5 é uma bela opção para quem quer um SUV de luxo. Mas não é híbrido Volvo XC90 2.9 Na mesma faixa de preço do Lexus, o XC90 também não é híbrido, mas é um veículo gostoso de dirigir e moderno tecnologicamente. |
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