Kia Cadenza
Não foi apenas o designer Peter Schreyer que a Kia importou da Alemanha. De lá também vieram os parâmetros que a marca coreana vem adotando para construir seus automóveis, quase tão sólidos quanto os alemães mais luxuosos e tradicionais. A prova mais recente disso é o Kia Cadenza. Tanto pelo que ele apresenta de novidade quanto pelo que ele aposenta.
O modelo que saiu de cena foi o Opirus, um veículo que ostentava luxo para disfarçar sua desarmonia. Em se tratando de estilo, eles nem parecem filhos da mesma marca. Mas as diferenças são exuberantes também em comportamento dinâmico. Com motor V6 3.8 e tração dianteira, a frente pesada fazia o Opirus sair de frente sem grandes provocações. Isso nem de longe lembra a neutralidade do Cadenza.
ASSISTA AO VÍDEO COM O KIA CADENZA:
O motor do modelo atual, o Lambda 3.5, é menor, mas mais potente. Em vez de 267 cv, como o do Opirus, ele rende 290 cv, com pouco menos torque (34,5 mkgf, contra 36 mkgf). Isso indica que o Cadenza tem saída pior que a do antecessor, correto? Nein! O Opirus tinha de arrastar 1 725 kg, contra os 1 655 kg do Cadenza, que é menor (4,97 metros contra 5), mas mais espaçoso (tem 5 cm a mais de entre-eixos). O segredo para o melhor rendimento, além do peso, se deve ao comando de válvulas variável (tanto para as de admissão quanto para as de exaustão).
Sendo tão superior ao carro que o antecedeu, comparar o Cadenza ao Opirus é mera questão de respeito histórico. Correto é confrontá-lo com Chevrolet Omega, Chrysler 300C, Toyota Camry e o futuro Hyundai Azera. E pela primeira vez a Kia tem um modelo capaz de enfrentar os concorrentes em pé de igualdade. Até com algumas vantagens.
A primeira delas é que o Cadenza é o modelo mais atual de seu segmento. O catálogo menos completo já inclui faróis de xenônio, câmbio automático de seis marchas com possibilidade de trocas manuais, lanternas e piscas de led, ar-condicionado de duas zonas, sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento, bancos de couro, sistema keyless, ABS, ESP e seis airbags. Custa 119 900 reais. O que avaliamos, que traz a mais o teto solar elétrico duplo, custa 124 900 reais. O mais caro, com interior branco, sai por 127 900 reais. Ainda mais barato que os concorrentes, a segunda e maior de suas vantagens.
Para entrar, não é preciso usar a chave ou acionar nenhum de seus três botões prateados. Basta trazêla no bolso e puxar a maçaneta. O carro reconhece a presença do motorista e lhe franqueia o ingresso. Por dentro, a soleira recebe o motorista iluminando o nome do carro em vermelho. Na porta, duas memórias de bancos garantem que dois motoristas se revezem na direção com o conforto de não ter de regular retrovisores e assento a cada vez que assumirem o volante. É só clicar em uma das posições memorizadas para tudo ficar como deveria estar. E isso também inclui a direção, de ajuste elétrico. O motorista pode configurar o carro para destravar as portas, trancá-las, tocar uma música de boas-vindas (só existe uma opção de música), recolher o volante para sua entrada e outros itens menos vistosos. Tudo regulado pela tela no centro do painel de instrumentos, colorida, por meio dos botões Trip e Reset. O sistema merecia uma interface com mais recursos. A tela monocromática acima do rádio serve apenas ao sistema de som. Nada de tela sensível ao toque, Bluetooth ou navegador por GPS.
Se a porta não exige chave, a partida faz o mesmo. Até existe um nicho para colocar a peça, ao lado do botão de partida. Desnecessário. Com a chave no bolso, basta pisar no freio, apertar o botão e sair.
É preciso algum tempo (pouco) para se acostumar com o tamanho do sedã. O bom peso da direção e a agilidade do carro, mesmo com 1655 kg, dão confiança rapidamente. Não à toa. O Cadenza acelerou de 0 a 100 km/h em nossos testes em 7,7 segundos. O Kia é incrivelmente silencioso, a ponto de nosso aparelho não conseguir medir seu nível de ruído em ponto-morto. No trânsito, o Kia parece menor. A mágica só não se repete ao estacioná-lo ou manobrá-lo, por mais fácil que isso seja. Nem toda garagem admite comprar um Cadenza.
A suspensão, bem calibrada, nem liga para irregularidades. Já que não é possível ter um asfalto decente em boa parte do país, o Cadenza finge direitinho que o possível é o desejável, sem comprometer a estabilidade em velocidades mais altas. Ele só apanha em saídas de lombada e de garagem, nas quais a frente raspa fácil. Quem não se conforma muito com nosso piso irregular é o brasileiríssimo extintor de incêndio, instalado à frente do banco do passageiro dianteiro, em um arranjo que o deixa suspenso e paralelo ao piso. Nas ondulações, ele oscila e faz um barulho que, se não atrapalha, incomoda.
Com sua proposta de luxo, espaço e força a preço competitivo, o Cadenza é mais voltado a quem quer um carro espaçoso (e um motorista confiável) do que àqueles que querem um veículo gostoso de dirigir. De todo modo, um apaixonado pela direção que optar por ele terá pouco do que se queixar.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO Ainda que não seja exatamente direta (3 voltas), a direção é precisa e rápida o suficiente no trânsito urbano. Os freios são honestos, mas é a suspensão que agrada em cheio.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO Menor que o do Opirus, o Lambda 3.5 consegue ser mais potente. O câmbio de seis marchas e trocas imperceptíveis eleva a impressão de qualidade do carro.
★★★★
CARROCERIA Moderna, arrojada, mais espaçosa e mais leve que a de seu antecessor, a carroceria do Cadenza é do que a Kia precisava no segmento para se destacar.
★★★★
VIDA A BORDO Espaçoso, o Cadenza tem acabamento bem cuidado, mas carece de recursos como GPS, Bluetooth e encosto de cabeça para o quinto passageiro. Melhor seria ele assumir que quer levar só quatro pessoas.
★★★★
SEGURANÇA Com seis airbags, ESP e ABS, além da boa dirigibilidade e do desempenho, o Cadenza acompanha a concorrência, mas não se destaca dela neste quesito.
★★★★
SEU BOLSO Com o sedã grande mais barato do mercado, protegido por garantia total de cinco anos, a Kia tem tudo de que precisava para crescer nesse segmento.
★★★★
OS RIVAIS
Chevrolet Omega
Único com tração traseira nessa faixa de preço (128 600 reais), ele foi relançado como Fittipaldi para tentar vender melhor.
Toyota Camry
A reputação de confiabilidade da marca japonesa não ajudou o modelo, bem vendido nos EUA, a repetir o mesmo sucesso aqui.
VEREDICTO
Moderno, espaçoso e com o preço mais em conta de seu segmento, o Kia Cadenza só venderá pouco se a matriz coreana não tiver como atender à demanda pelo carro no Brasil, algo que acontece na empresa com alguma regularidade.
Não foi apenas o designer Peter Schreyer que a Kia importou da Alemanha. De lá também vieram os parâmetros que a marca coreana vem adotando para construir seus automóveis, quase tão sólidos quanto os alemães mais luxuosos e tradicionais. A prova mais recente disso é o Kia Cadenza. Tanto pelo que ele apresenta de novidade quanto pelo que ele aposenta.
O modelo que saiu de cena foi o Opirus, um veículo que ostentava luxo para disfarçar sua desarmonia. Em se tratando de estilo, eles nem parecem filhos da mesma marca. Mas as diferenças são exuberantes também em comportamento dinâmico. Com motor V6 3.8 e tração dianteira, a frente pesada fazia o Opirus sair de frente sem grandes provocações. Isso nem de longe lembra a neutralidade do Cadenza.
ASSISTA AO VÍDEO COM O KIA CADENZA:
O motor do modelo atual, o Lambda 3.5, é menor, mas mais potente. Em vez de 267 cv, como o do Opirus, ele rende 290 cv, com pouco menos torque (34,5 mkgf, contra 36 mkgf). Isso indica que o Cadenza tem saída pior que a do antecessor, correto? Nein! O Opirus tinha de arrastar 1 725 kg, contra os 1 655 kg do Cadenza, que é menor (4,97 metros contra 5), mas mais espaçoso (tem 5 cm a mais de entre-eixos). O segredo para o melhor rendimento, além do peso, se deve ao comando de válvulas variável (tanto para as de admissão quanto para as de exaustão).
Sendo tão superior ao carro que o antecedeu, comparar o Cadenza ao Opirus é mera questão de respeito histórico. Correto é confrontá-lo com Chevrolet Omega, Chrysler 300C, Toyota Camry e o futuro Hyundai Azera. E pela primeira vez a Kia tem um modelo capaz de enfrentar os concorrentes em pé de igualdade. Até com algumas vantagens.
A primeira delas é que o Cadenza é o modelo mais atual de seu segmento. O catálogo menos completo já inclui faróis de xenônio, câmbio automático de seis marchas com possibilidade de trocas manuais, lanternas e piscas de led, ar-condicionado de duas zonas, sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento, bancos de couro, sistema keyless, ABS, ESP e seis airbags. Custa 119 900 reais. O que avaliamos, que traz a mais o teto solar elétrico duplo, custa 124 900 reais. O mais caro, com interior branco, sai por 127 900 reais. Ainda mais barato que os concorrentes, a segunda e maior de suas vantagens.
Para entrar, não é preciso usar a chave ou acionar nenhum de seus três botões prateados. Basta trazêla no bolso e puxar a maçaneta. O carro reconhece a presença do motorista e lhe franqueia o ingresso. Por dentro, a soleira recebe o motorista iluminando o nome do carro em vermelho. Na porta, duas memórias de bancos garantem que dois motoristas se revezem na direção com o conforto de não ter de regular retrovisores e assento a cada vez que assumirem o volante. É só clicar em uma das posições memorizadas para tudo ficar como deveria estar. E isso também inclui a direção, de ajuste elétrico. O motorista pode configurar o carro para destravar as portas, trancá-las, tocar uma música de boas-vindas (só existe uma opção de música), recolher o volante para sua entrada e outros itens menos vistosos. Tudo regulado pela tela no centro do painel de instrumentos, colorida, por meio dos botões Trip e Reset. O sistema merecia uma interface com mais recursos. A tela monocromática acima do rádio serve apenas ao sistema de som. Nada de tela sensível ao toque, Bluetooth ou navegador por GPS.
Se a porta não exige chave, a partida faz o mesmo. Até existe um nicho para colocar a peça, ao lado do botão de partida. Desnecessário. Com a chave no bolso, basta pisar no freio, apertar o botão e sair.
É preciso algum tempo (pouco) para se acostumar com o tamanho do sedã. O bom peso da direção e a agilidade do carro, mesmo com 1655 kg, dão confiança rapidamente. Não à toa. O Cadenza acelerou de 0 a 100 km/h em nossos testes em 7,7 segundos. O Kia é incrivelmente silencioso, a ponto de nosso aparelho não conseguir medir seu nível de ruído em ponto-morto. No trânsito, o Kia parece menor. A mágica só não se repete ao estacioná-lo ou manobrá-lo, por mais fácil que isso seja. Nem toda garagem admite comprar um Cadenza.
A suspensão, bem calibrada, nem liga para irregularidades. Já que não é possível ter um asfalto decente em boa parte do país, o Cadenza finge direitinho que o possível é o desejável, sem comprometer a estabilidade em velocidades mais altas. Ele só apanha em saídas de lombada e de garagem, nas quais a frente raspa fácil. Quem não se conforma muito com nosso piso irregular é o brasileiríssimo extintor de incêndio, instalado à frente do banco do passageiro dianteiro, em um arranjo que o deixa suspenso e paralelo ao piso. Nas ondulações, ele oscila e faz um barulho que, se não atrapalha, incomoda.
Com sua proposta de luxo, espaço e força a preço competitivo, o Cadenza é mais voltado a quem quer um carro espaçoso (e um motorista confiável) do que àqueles que querem um veículo gostoso de dirigir. De todo modo, um apaixonado pela direção que optar por ele terá pouco do que se queixar.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO Ainda que não seja exatamente direta (3 voltas), a direção é precisa e rápida o suficiente no trânsito urbano. Os freios são honestos, mas é a suspensão que agrada em cheio.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO Menor que o do Opirus, o Lambda 3.5 consegue ser mais potente. O câmbio de seis marchas e trocas imperceptíveis eleva a impressão de qualidade do carro.
★★★★
CARROCERIA Moderna, arrojada, mais espaçosa e mais leve que a de seu antecessor, a carroceria do Cadenza é do que a Kia precisava no segmento para se destacar.
★★★★
VIDA A BORDO Espaçoso, o Cadenza tem acabamento bem cuidado, mas carece de recursos como GPS, Bluetooth e encosto de cabeça para o quinto passageiro. Melhor seria ele assumir que quer levar só quatro pessoas.
★★★★
SEGURANÇA Com seis airbags, ESP e ABS, além da boa dirigibilidade e do desempenho, o Cadenza acompanha a concorrência, mas não se destaca dela neste quesito.
★★★★
SEU BOLSO Com o sedã grande mais barato do mercado, protegido por garantia total de cinco anos, a Kia tem tudo de que precisava para crescer nesse segmento.
★★★★
OS RIVAIS
Chevrolet Omega
Único com tração traseira nessa faixa de preço (128 600 reais), ele foi relançado como Fittipaldi para tentar vender melhor.
Toyota Camry
A reputação de confiabilidade da marca japonesa não ajudou o modelo, bem vendido nos EUA, a repetir o mesmo sucesso aqui.
VEREDICTO
Moderno, espaçoso e com o preço mais em conta de seu segmento, o Kia Cadenza só venderá pouco se a matriz coreana não tiver como atender à demanda pelo carro no Brasil, algo que acontece na empresa com alguma regularidade.
Motor: diant., transv., V6 , 24V
Cilindrada: 3 470 cm3
Diâmetro x curso: 92 x 87 mm
Taxa de compressão: 10,6:1
Potência: 290 cv
Torque: 34,5 cv
Câmbio: automático / 6 marchas / dianteiro
Dimensões: Comprimento/entre-eixos/altura/largura (cm); 497 / 285 / 148 / 185
Peso: 1 655 kg
Peso/potência: 5,7 kg/cv
Peso/torque: 48 kg/mkgf
Porta-malas/caçamba: 451 litros
Tanque: 70 litros
Suspensão dianteira: McPherson, independente
Suspensão traseira: multilink, independente
Freios: disco ventilado (diant.) / disco sólido (tras.)
Direção: hidráulica / 3 voltas
Pneus: 225/55 R17
Consumo urbano: 7,1 km/h
Consumo rodoviário: 11,4 km/l
0 a 100 km/h: 7,7 s
0 a 1000 m: 28 s
Retomada 40 a 80 em 3ª (ou D): 3,7 s
Retomada 60 a 100 em 4ª (ou D): 4 s
Retomada 80 a 120 em 5ª (ou D): 4,9 s
Velocidade máxima: 230 km/h
Frenagem: 120/80/60 km/h a 0 (m); 60,5 / 26,2 / 15,1
Ruído interno 1ª rpm máx: 62,2 dBA
Ruído interno 80 / 120 km/h: 54,3 / 61,5 dBA
Cilindrada: 3 470 cm3
Diâmetro x curso: 92 x 87 mm
Taxa de compressão: 10,6:1
Potência: 290 cv
Torque: 34,5 cv
Câmbio: automático / 6 marchas / dianteiro
Dimensões: Comprimento/entre-eixos/altura/largura (cm); 497 / 285 / 148 / 185
Peso: 1 655 kg
Peso/potência: 5,7 kg/cv
Peso/torque: 48 kg/mkgf
Porta-malas/caçamba: 451 litros
Tanque: 70 litros
Suspensão dianteira: McPherson, independente
Suspensão traseira: multilink, independente
Freios: disco ventilado (diant.) / disco sólido (tras.)
Direção: hidráulica / 3 voltas
Pneus: 225/55 R17
Consumo urbano: 7,1 km/h
Consumo rodoviário: 11,4 km/l
0 a 100 km/h: 7,7 s
0 a 1000 m: 28 s
Retomada 40 a 80 em 3ª (ou D): 3,7 s
Retomada 60 a 100 em 4ª (ou D): 4 s
Retomada 80 a 120 em 5ª (ou D): 4,9 s
Velocidade máxima: 230 km/h
Frenagem: 120/80/60 km/h a 0 (m); 60,5 / 26,2 / 15,1
Ruído interno 1ª rpm máx: 62,2 dBA
Ruído interno 80 / 120 km/h: 54,3 / 61,5 dBA
Nenhum comentário:
Postar um comentário